sábado, 28 de julho de 2018

Obrigado, Portugal !


OBRIGADO,  PORTUGAL !


Ontem  tive  um  sonho.  Foi um sonho lindo !  Sonhei  que  estava em Portugal  para  receber  uma  homenagem  da  sua   Academia  de  Letras  e  Artes .

Em  meu  discurso  de  agradecimento   assim  me  expressei :  “Sou-te  grato,  Portugal,  por  tão  significativa  homenagem,  mas  quero  que  saibas  que  nada  me  deves   pois  muito    me  tens  dado .

Nada  me  deves,  Portugal,  pois    me  deste  a  dramaturgia  de  Gil  Vicente ;  a  poesia  transmarina  de  Camões  e  os  sonetos  inconfidentes de Cláudio  Manuel  da  Costa.

Nada  me  deves, Portugal,   pois    me  deste    as  sapatilhas  obstinadas  de  Rosa  Mota,  dando  voltas  em  torno  do  estádio  da  Luz.  

Nada  me  deves, Portugal,  pois    me  deste  Sagres,  onde  aprendi  a  singrar  os  mares  dos  meus  sonhos .

Nada  me  deves,  Portugal,  pois    me  deste  Coimbra,  em cujos corredores  respira-se  a  cultura  secular  através  dos  ares  do  Choupal .

Nada  me  deves,  Portugal,   pois    me  deste  José  Saramago  e  Fernando  Pessoa  e,  se  não  bastasse,  foste  buscar,  no  além-mar,   os  enredos  fantásticos  de  Mia  Couto  para  ilustrar  os  muitos  encantos  literários  da  tua  verve .

Nada  me  deves,  Portugal,  pois   me  deste  um  abril  cheio  de  cravos      e,  por  saberes  que nasci  aos  treze  de  maio,  me  deste  o  Santuário  de  Fátima .

Nada  me  deves,  Portugal,  pois     me  deste  teus   pastéis  de  Belém;  tuas  bacalhoadas;  teus  vinhedos  e  teus  olivais . 

Nada  me  deves,  Portugal,  pois    me  deste o Tejo  em  cujas  margens  ouve-se  os  lamentos  cariciosos  dos  teus  fados.

Muito me deste,  Portugal,  mas  se  nada  disto  me  tivesses  dado,  ainda  assim  ser-te-ia  eternamente  grato  por  me  teres  dado  a  “Última  flor  do  Lácio”,  que  continua  cada  vez  mais  inculta  e  cada  vez  mais  bela.

Assim, do coração,   me resta dizer-te :  obrigado, Portugal ! ”

Foi  um  sonho lindo !